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O poder quase absoluto da gata




Não tenho filhos. Não, não tenho, pelo menos por enquanto. Mas tenho uma gata. Uma gata não faz birras, não vai à escola, não precisa de roupa e contenta-se em caçar moscas. Uma gata não precisa de ir para os tempos livres, ou ATL, porque todo o seu tempo é livre. Logo, seria mais lógico manda-la para os tempos ocupados, ou ATO, só para fugir à rotina e com a desculpa: “Só conseguirás dar valor aos teus imensos tempos livres, se tiveres tempos ocupados.” E pimba, nascia assim toda uma prole de animais trabalhadores prontos a ser explorados por muitos detentores de monopólios capitalistas. E dentro de alguns séculos, os animais estariam a viver os mesmos flagelos que nós estamos a viver. Só que há uma diferença: eles não vão facilmente na conversa. Espertos!!! 

Continuando. A minha gata não é uma criança, mas conquistou o título de rainha da casa. Não, não é constantemente mimada pelos seus habitantes, nem tem coleiras de brilhantes, nem biscoitos de finas especiarias. Ela é a rainha porque é DE FACTO e sem qualquer sombra de dúvida, o ser que mais tempo ocupa esta casa. 24 horas por dia, 7 dias por semana, à exceção das férias, em que é obrigada a ocupar, muito contra a sua vontade, o reino de outra gata. E quando isso acontece, enfia-se num buraco e só aparece para satisfazer as suas necessidades básicas. 

 Ela tem o PODER. Sim, ela é poderosa no seu reino. Dorme quando quer, come quando quer, refila quando quer outra comida, e põe-se em cima das bancadas quando ninguém vê. E no seu reino protegido ousa provocar os cães da vizinhança, pois sabe que está inatingível. E tem um miado que mais parece uma mistura de miar com ladrar (sim, é poliglota). Mas, como todos os poderes absolutos são infinitamente perigosos, ela depende da dona para lhe dar comida, bebida, higiene e mimos. E isso faz toda a diferença. Só porque depende da dona para comer, tem que lhe obedecer.

Só porque depende da dona para comer, tem que se sujeitar aos banhos e coleiras e desparasitações e a não entrar em zonas restritas. E só porque depende da dona para comer, o seu poder não é absoluto e autoritário.

Se gostaste de ler isto, lê este também:  Mais uma volta, mais uma vergonha!

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